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VIAGENS MARAVILHOSAS

les, quando receberam ordem para voltar á sala e começaram a ser apalpados nos seus resumidos trajos. Apenas comprehenderam que se tratava do roubo de um diamante de grande valor.

Mas estas manifestações tiveram tanta utilidade e bom resultado como as precedentes.

— Se o ladrão foi um d'estes cafres, com certeza que foi, — já teve tempo e mais que tempo de pôr em logar seguro o diamante! observou com muita rasão um dos convivas.

— Isso é evidente, disse o official de policia, e talvez só haja um meio de fazer com que elle se denuncie: é recorrer a um adivinho da sua raça. As vezes o expediente surte effeito...

— Se dão licença, disse Matakit que ainda estava com os seus companheiros, posso tentar a experiencia !

Acceitaram logo o offerecimento e os convivas rodearam os cafres; depois Matakit, habituado áquelle papel de adivinho, deu começo ao inquerito.

Em primeiro logar começou por aspirar duas ou tres pitadas de tabaco tirado de uma caixa de madeira do ar, que nunca largava.

— Agora vou fazer a prova das varinhas! disse elle depois d'aquella operação preliminar.

Foi buscar a uma moita proxima uns vinte pausinhos, mediu-os com toda a exactidão e cortou-os de fórma a dar a todos o mesmo comprimento, doze pollegadas inglezas. Em seguida distribuiu-os aos cafres enfileirados, tendo antes posto um de parte para si.

— Vossês podem ir para onde quizerem durante um quarto de hora, disse Matakit com ar solemne aos companheiros, e só hão de voltar quando ouvirem bater no tam-tam! Se um de vossês é o ladrão, a sua varinha ha de apparecer com o augmento de tres dedos!