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A ESTRELLA DO SUL

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do crime. A Estrella do Sul era para todos os que lhe desconheciam a origem, um diamante natural e por conseguinte de valor tal que se tornava difficillimo vendel-o.

«E comtudo, insistia Cypriano comsigo mesmo, não é possivel que fosse Matakit. »

Mas então vinham-lhe a memoria algumas duvidas a proposito de certos furtos, que o cafre uma vezes por outras tinha feito, mesmo no seu serviço. Effectivamente, apesar de todas as admoestações do patrão, Matakit obedecendo á sua natureza, — muito elastica na questão do meu e do teu — nunca podéra desfazer-se d'aquelles habitos tão dignos de censura. É certo que aquelles casos se referiam a objectos sem grande valor ; mas em summa não seria preciso mais para estabelecer uns precedentes judiciaes que não podiam fazer honra a Matakit!

Alem d'isso havia como indicios em primeiro logar a presença do cafre na sala do festim, quando o diamante se eclipsou como por arte magica; em seguida a circumstancia singular de não se encontrar o preto na sua cubata alguns instantes depois; finalmente a sua fuga, que talvez tivesse clara explicação, pois não era licito duvidar de que elle não tinha saído do paiz.

Effectivamente Cypriano, que não podia decidir-se a acreditar na culpabilidade do creado, debalde esperou durante a manhã que elle voltasse; o creado não appareceu. Averiguou-se mesmo que tanto o sacco, onde elle tinha as suas economias, com alguns objectos ou utensilios necessarios para um homem que se vae metter por aquellas regiões quasi desertas de Africa Austral, tudo tinha desapparecido da cubata. Já não podia haver duvida.

Proximo das dez horas o joven engenheiro, talvez mais triste por causa do procedimento de Matakit do que pela perda do diamante, dirigiu-se para a granja de John Watkins.