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VIAGENS MARAVILHOSAS

— Deixar-me de tomar gin ! By Jove ! bonito conselho ! exclamou o fazendeiro. Então o gin fez lá nunca mal a uma pessoa honrada ?... Espera, já sei o que quer dizer na sua!... É para me recordar a receita que deu aquelle medico a um lord-maire que tinha gotta. Como se chamava o tal medico ? Parece-me que era Abernethy ! «Quer vossê ter saude? dizia elle ao doente. Pois sustente-se com um chelim por dia e ganhe esse chelim com trabalho proprio!» Tudo isso é muito bonito! Mas, pela nossa velha Inglaterra! se para ter saude fosse preciso viver á rasão de um chelim por dia, de que servia então ter feito fortuna ! Isso são tolices indignas de um homem esperto como o senhor é, senhor Méré!... Ora pois, faça-me o favor de não me tornar a fallar em tal!... Cá por mim antes queria ir já direitinho para debaixo da terra!... Comer bem, beber bem, fumar uma boa cachimbada todas as vezes que me appeteça, não tenho outras alegrias no mundo, e quer o senhor que eu lhes diga adeus?

— Não ; eu não tenho nada com isso ! respondeu Cypriano com toda a sinceridade. Apenas lhe lembro um preceito de saude que me parece bom ! Mas deixemos isso, se lhe parece, meu caro senhor Watkins, e voltemos ao objecto especial da minha visita.

Mister Watkins, ainda ha pouco tão prolixo, voltára ao primeiro mutismo e deitava silenciosamente fumaças pela bôca.

N'esse momento abriu-se a porta. Entrou uma rapariga que trazia uma bandeja com um copo.

Aquella linda creatura, encantadora com a grande touca á moda das aldeãs do Veld, trajava simplesmente um vestido de linho com florinhas. Teria dezenove a vinte annos, era muito branca, com magnificos cabellos louros e finos, grandes olhos azues, physionomia suave e risonha; era a imagem da saude, da graça e do bom humor.