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A ESTRELLA DO SUL

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Cypriano abriu um dos olhos, espreguiçou-se, sorriu-se para o china, sentou-se e enguliu o liquido fumegante.

Foi só então que elle deu pela ausencia do napolitano ao ver o logar d'elle sem ninguem.

— Onde está Pantalacci? perguntou elle.

— Partiu, paesinho, respondeu Li com o tom mais natural d'este mundo, como se se tratasse de uma cousa que estivesse combinada.

— O quê?... Partiu?

— É verdade, paesinho; e levou os tres cavallos!

Cypriano atirou o manta, e olhando em roda ficou sciente de tudo.

Mas tinha uma alma bastante altiva para que deixasse transparecer cuidado ou indignação.

— Muito bem, disse elle; mas não pense aquelle miseravel que levará a melhor.

Em seguida deu cinco ou seis passos e voltou, absorvido nos seus pensamentos e reflectindo na resolução que havia a tomar.

— É preciso partir immediatamente ! disse elle ao china. Vamos deixar aqui as sellas, as redeas, e tudo o que seja muito pesado ou que empache maito; levaremos apenas as espingardas e os viveres que nos restam! Andando bem podemos ir quasi tão depressa como elle e talvez tomar por atalhos mais a direito!

Li apressou-se a obedecer. Em poucos minutos enrolaram as mantas e pozeram os saccos aos hombros; depois tudo quanto era forçoso abandonar n'aquelle sitio, foi reunido em monte debaixo de uma espessa camada de abrolhos, e immediatamente se pozeram a caminho.

Cypriano tinha rasão em dizer que a certos respeitos seria talvez mais commodo ir a pé. D'esta fórma poude elle tomar