Página:A Estrella do Sul.pdf/25

Wikisource, a biblioteca livre
A ESTRELLA DO SUL

19


pre muito gosto em o ver como inquilino e como amigo !... Olhe, hoje esperàmos algumas pessoas para o jantar... Quer fazer-nos companhia ?

— Não, muito obrigado ! respondeu Cypriado com frieza, tenho de acabar a minha correspondencia para o correio.

E saiu.

« São levadós da breca, estes francezes !... Levados da breca !» repetia mister Watkins accendendo o cachimbo a um mor rão de cabo alcatroado que estava sempre ao pé d'elle.

E encheu um copazio de gin.


II
NO CAMPO DOS DIAMANTES

Na resposta que mister Watkins acabava de dar ao engenheiro, o que mais mortificava este era não poder deixar de lhe achar rasão, apesar da excessiva aspereza da fórma. Até, reflectindo bem, se admirava de não ter visto as objecções que o fazendeiro lhe podia oppor, e de se ter aventurado a receber uma tão grosseira recusa.

Mas o certo é que nunca, até áquelle momento, tinha pensado na distancia que havia entre elle e a joven pelas differenças de fortuna, de raça, de educação, de meio. Habituado, havia cinco ou seis annos, a considerar os mineraes sob o ponto de vista puramente scientifico, para elle os diamantes não eram mais que simples amostras de carbonio, que serviam para figurar no museu da Escola de minas. Alem d'isso, como a vida que elle tinha em França era socialmente muito superior á dos