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VIAGENS MARAVILHOSAS

— Que estás tu a dizer? perguntou Cypriano surprehendido.

— Olha, respondeu Pharamundo Barthés, os meus bazntos fizeram prisioneiro, não haverá ainda vinte e quatro horas, um rapaz cafre, que andava vagueando por ahi, e entregaram-n'o, atado de pés e mãos, ao meu amigo Tonaia. Era muito provavel que este lhe fizesse alguma partida grossa, pois tem muito medo dos espiões, e o cafre, pertencendo evidentemente a uma tribu inimiga da d'elle, não podia deixar de ser accusado de espionagem! Mas até agora não lhe tiraram a vida porque, por felicidade para o pobre diabo, acontece que elle sabe fazer algumas pantominas de prestimano, de modo que póde passar por adivinho...

— Oh! Agora não tenho a menor duvida de que é o Matakit! exclamou Cypriano.

— Pois olha que se póde gabar de ter escapado de boa, respondeu o caçador. Tonaia tem inventado para os seus inimigos uma serie completa de supplicios, que nada deixam a desejar! Mas, repito, pódes estar descansado a respeito do teu antigo servo! Está protegido pela sua qualidade de adivinho, e ainda hoje á noite o havemos de ver de perfeita saude!

Será inutil dizer quanto esta noticia foi particularmente agradavel a Cypriano. Era claro que estava alcançado o seu fim, pois não duvidava de que Matakit consentisse em entregar-lhe o diamante de John Waltkins, se porventura ainda o tivesse em seu poder.

Assim continuaram conversando os dois amigos durante todo o dia, atravessando a planicie que Cypriano tinha percorrido alguns dias antes montado na girafa.

Á tardinha via-se a capital de Tonaia, meia disposta em amphitheatro sobre uma ondulação que limitava o horizonte ao norte. Era uma verdadeira cidade de dez a quinze mil habitan-