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A ESTRELLA DO SUL

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tes, com ruas bem traçadas e cubatas espaçosas e quasi elegantes, mostrando apparencia de prosperidade e abundancia. O palacio do rei, cercado de altas palissadas, e guardado por guerreiros negros armados de lanças, occupava só por si uma quarta parte da superficie total da cidade.

Apenas Pharamundo Barthés appareceu, logo todas as barreiras se abaixaram diante d'elle; foi immediatamente conduzido com Cypriano, atravez de uma serie de vastos pateos, até á sala de ceremonia, onde estava o invencivel conquistador no meio de numerosa companhia, não faltando officiaes nem guardas.

Tonaia teria uns quarenta annos. Era alto e robusto. Trazia na cabeça uma especie de diadema feito de dentes de javali, e o resto do vestuario consistia em uma tunica encarnada sem mangas e n'um avental da mesma côr, ricamente bordado com contaria de vidro. Nos braços e nas pernas trazia numerosos braceletes de cobre. A sua physionomia era intelligente e fina, mas velhaca e dura.

Recebeu com toda a cordialidade Pharamundo Barthés, a quem não tinha visto havia alguns dias, e por deferencia a Cypriano, o amigo do seu fiel alliado.

— Amigos dos nossos amigos, nossos amigos são, disse elle como diria qualquer honrado burguez.

E, apenas soube que o seu novo hospede estava doente, mandou logo dar-lhe um dos melhores quartos do palacio e servir-lhe excellente ceia.

Por opinião de Pharamundo Barthés não se tratou logo do caso de Matakit, que ficou reservado para outro dia.

Effectivamente na manhã seguinte Cypriano estava completamente restabelecido e capaz de tornar a apparecer diante do rei.

Reuniu-se portanto toda a corte na sala grande do palacio. Tonaia com os dois hospedes estavam no meio do circulo. Phar-