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A ESTRELLA DO SUL

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bitante. Nunca, por pretexto algum, fòra um estrangeiro qualquer admittido n'essa mysteriosa gruta. Havia uma tradição respeitada que declarava que, no dia em que os brancos fossem conhecedores do segredo d'elle, se desfaria em pó o imperio de Tonaia.

Mas o rei não gostava que a sua côrte se mettesse a julgar de antemão qualquer das suas decisões. De modo que, por um capricho de tyrannete, aquelle murmurio levou-o a conceder o que provavelmente teria recusado se não fosse aquella explosão de sentimento geral.

— Tonaia fez troca de sangue com o seu alliado Pharamundo Barthés, respondeu elle com tom de voz peremptorio, e nada tem que lhe esconder! Tu e o teu amigo sabeis guardar um juramento?

Pharamundo Barthés fez um gesto affirmativo.

— Pois então, continuou o rei negro, jurem que não porão a mão em cousa alguma que virem na gruta!... Jurem que, depois de sairem de lá, se comportarão sempre como se nunca tivessem tido conhecimento da existencia d'ella!... Jurem que nunca procurarão voltar lá novamente, e que nem mesmo tentarão reconhecer a entrada da gruta!... Finalmente jurem que nunca dirão a pessoa alguma o que virem!

Pharamundo Barthés e Cypriana com as mãos estendidas repetiram palavra por palavra a formula do juramento que lhes era imposto.

Em seguida Tonaia deu algumas ordens em voz baixa; toda a côrte se levantou e os guerreiros formaram-se em duas fileiras. Alguns servos trouxeram peças de fazendas finas, que serviram para vendar os olhos dos dois estrangeiros; depois o proprio rei se collocou entre elles no fundo de um grande palanquim de palha levado aos hombros de algumas duzias de cafres, e o cortejo poz-se em marcha.