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VIAGENS MARAVILHOSAS

Watkins, perdèra completamente de vista o valor mercantil do rico jazigo que o fazendeiro possuia. Por isso nem um instante lhe passou pela cabeça que podesse haver desproporção entre a filha do dono do Vandergaart-Kopje e um engenheiro francez. E pelo contrario, se elle por acaso tivesse alguma duvida a este respeito, é muito provavel que, com as suas idéas de parisiense e de antigo aluumno da Escola Polytechnica, se tivesse julgado muito proximo d'aquillo que vulgarmente se chama um «casamento desigual».

A descompostura redonda de mister Watkins era um triste despertar das suas illusões. Cypriano tinha muito bom senso e honradez, e por isso deu o devido apreço ás solidas rasões do inglez, e não se irritou com a sentença que realmente considerava justa.

Mas nem por isso o golpe deixava de ser duro, e agora que tinha de renunciar a Alice, via de repente o quanto ella se lhe tinha tornado querida em menos de tres mezes.

Porque effectivamente havia apenas tres mezes que Cypriano Méré a conhecia, isto é, desde que elle chegára ao Griqualand. Como esse tempo lhe parecia já longe !

E poz-se a recordar tudo. Via-se chegando, n'um terrivel dia de calor e de poeira, ao termo da sua longa viagem de um a outro hemispherio. Tinha desembarcado com o seu amigo Pharamundo Barthés, — um antigo condiscipulo do collegio que pela terceira vez vinha caçar por divertimento na Africa austral. — Separaram-se no Cabo. Pharamundo Barthés partiu para o paiz dos Bazutos, onde tencionava reunir um pequeno destacamento de guerreiros pretos, que haviam de acompanhal-o nas suas expedições cynegeticas. Cypriano, esse tomou logar em um pesado carrão de quatorze cavallos que serve de diligencia nas estradas do Veld, e poz-se a caminho para o campo dos Diamantes.