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A ESTRELLA DO SUL

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— Não sei nada, respondeu Alice córando, e parece-me que é muito mal feito! Se estivesse no seu logar, tentava outra vez fazer diamantes! É muito mais elegante do que ir procural-os debaixo do chão!

— Então é uma ordem que me dá? perguntou Cypriano com a voz um pouco tremula.

— Oh! não! respondeu miss Watkins sorrindo; quando muito um pedido. Ah! senhor Méré, continuou ella como que para corrigir o ar leviano das suas palavras, se soubesse quanto soffri por me lembrar que o senhor andava exposto a todas essas fadigas e perigos por que acaba de passar! Não sabia por miudos o que lhe acontecia, mas parece-me que adivinhava o conjunto. Um homem como o senhor, dizia eu commigo, tão illustrado, tão bem preparado para levar a cabo excellentes trabalhos e fazer grandes descobertas, deveria porventura estar exposto a morrer miseravelmente no meio do deserto, de mordedura de uma serpente ou das unhadas de um tigre, sem proveito algum para a sciencia e para a humanidade?... Foi um crime tel-o deixado partir!... E como eu tinha rasão!... Porque a final, não está o senhor aqui de volta quasi que por milagre? E se não fosse o seu amigo Pharamundo Barthés, que o céu abençoe...

Não concluiu, mas duas grandes lagrimas, que lhe bailaram nos olhos, completaram o seu pensamento.

Tambem Cypriano estava profundamente commovido.

— Esses duas lagrimas são para mim mais preciosas que todos os diamantes do mundo; e por ellas esqueceria outras fadigas ainda maiores! disse elle simplesmente.

Houve um momento de silencio, que a donzella, com o seu bom senso costumado, quebrou, voltando a fallar das suas experiencias de chimica.

Já passava da meia noite quando Cypriano se decediu a vol-