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VIAGENS MARAVILHOSAS

Cypriano pegou na faca de mato, que Li lhe tinha posto á mão, depois de a afiar, e fez n'aquella massa um golpe profundo.

Dado o golpe era facil metter a mão até ao fundo do papo.

Immediatamente se reconheceu e se sacou o documento, cuja perda tanto desesperava mister Watkins. Estava feito n'uma bola e um pouco amarrotado sem duvida, mas perfeitamente intacto.

— Ainda ha outra cousa, disse Cypriano, que tinha tornado a metter a mão na cavidade, d'onde tirou uma bola de marfim.

— A bola de pontear de miss Watkins! exclamou elle. E lembrar-se a gente que ha mais de cinco mezes que o Dadá a enguliu!... Já se vê que não pode passar pelo orificio inferior do estomago!

Deu a bola a Bardik e continuou as suas pesquizas, como um archeologo nos vestigios de um acampamento romano.

— Uma palmatoria de cobre! exclamou elle estupefacto, tirando quasi immediatamente um d'esses modestos utensilios, amolgado e esmagado, feito n'uma parte e todo oxydado, mas comtudo deixando conhecer perfeitamente o que era.

Então as risadas de Bardik e de Li tornaram-se tão estridulas, que a propria Alice, a qual n'aquelle momento acabava de entrar de novo no quarto, não pôde deixar de os acompanhar rindo tambem.

— Moedas! Uma chave!... Um pente de pau do ar!... ia dizendo Cypriano à medida que continuava o seu inventario.

De repente empallideceu. Tinha tocado com os dedos n'um objecto de forma excepcional!... Não!... não podia haver duvida alguma sobre o que fosse aquillo!... E comtudo não ousava acreditar similhante acaso!