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A ESTRELLA DO SUL

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Depois, sem transição, abriram-se as cataractas do céu e começou o diluvio.

— Os senhores não ouviram, logo depois do trovão, um estalinho secco como de cousa que se quebra? perguntou Thomaz Steel, emquanto fechavam as janellas a toda a pressa e tornavam o accender as vélas. Parecia um globo de vidro a rebentar!

Immediatamente todos os olhares se dirigiram por instincto para a Estrella do Sul...

O diamante tinha desapparecido.

Mas nem a gaiola de ferro, nem o globo de vidro que o cobriam, tinham mudado de logar; era manifestamente impossivel ter alguem tocado n'elle.

O phenomeno tocava as raias do prodigio.

Cypriano, que se tinha inclinado rapidamente para a frente, acabava de reconhecer sobre a almofadinha de velludo azul, no logar do diamante, a presença de uma especie de poeira pardacenta.

Não pôde reprimir um grito de espanto e explicou com uma palavra o que acabava de succeder, dizendo:

— A Estrella do Sul rebentou!

Toda a gente sabe no Griqualand que é isso uma doença propria dos diamantes d'aquellas terras. Ninguem falla n'essa doença porque diminuiria consideravelmente o valor d'elles; mas o facto é que em virtude de uma acção molecular ainda não explicada, as mais preciosas d'aquellas pedras rebentam ás vezes como se fossem uma bomba de fogo. Em taes casos apenas fica um pouco de pó, que serve quando muito para usos industriaes.

O joven engenheiro estava evidentemente mais preoccupado com as consequencias scientificas do accidente do que com o perda enorme que acabava de soffrer.