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VIAGENS MARAVILHOSAS

Casotas de tábuas, quasi todas pequenissimas e similhantes ás cabanas dos guardas de um estaleiro europeu, algumas barracas de lona, uma duzia de cafés ou casas de bebidas, uma sala de bilhar, um Alhambra ou sala de dansa, stores ou armazens geraes de generos de primeira necessidade, eis o que primeiro saltava aos olhos.

Em taes lojas encontrava-se de tudo,— fato e mobilia, calçado e vidraça, livros e sellas, armas e pannos, vassouras e munições de caça, colchas e charutos, legumes frescos e medicamentos, charruas e sabonetes, escovas de unhas e leite condensado, frigideiras e lithographias — n'uma palavra tudo menos compradores.

Era que n'aquelle momento a população do acampamento estava ainda na mina, trezentos ou quatrocentos metros distante de New-Rush.

Cypriano Méré, como todos os recem-chegados, apressou-se em ir até lá, emquanto preparavam o jantar na cabana pomposamente adornada com o nome de Hotel Continental.

Eram cerca de seis horas da tarde. O sol, já no horisonte, envolvia-se em tenue nevoa de ouro. O joven engenheiro observou, ainda uma vez, o enorme diametro que n'estas latitudes austraes apresenta o astro do dia, como tambem o da noite, sem que a explicação do phenomeno dada até hoje tenha sido satisfactoria. Esse diametro parecia pelo menos ter o dobro do que se observa na Europa.

Mas outro espectaculo mais novo para Cypriano Méré o esperava no Kopje, isto é, no jazigo de diamantes.

No começo dos trabalhos a mina formava um monticulo em fórma de abobada abatida, o qual fazia saliencia n'este logar da planicie que em roda era chan como um mar em calma. Mas agora era uma immensa buraca de paredes alargadas, uma especie de circo de fórma elliptica e de cerca de quarenta mil