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VIAGENS MARAVILHOSAS

Mas se mister Watkins tinha contado encontrar no seu inquilino um companheiro de mesa ou um parceiro assiduo para os assaltos á bilha de gin achou-se muito enganado. Cypriano, apenas estabelecido na casota que lhe fôra cedida, com todo o seu apparato de retortas, fornos e reagentes, — e antes mesmo de lhe terem chegado as principaes peças do laboratorio, começára logo os seus passeios geologicos pelo districto. Por isso quando voltava á noite, morto de cansaço, carregado de fragmentos de rochas mettidos na caixa de zinco, na bolça de tiracolo, nas algibeiras, e até no chapéu, tinha mais vontade de se atirar para cima da cama e dormir do que ir ouvir as historietas antigas de mister Watkins. Alem d'isso fumava pouco e bebia ainda menos. Ora nada d'isto constituia precisamente o alegre companheiro sonhado pelo fazendeiro.

Cypriano era, comtudo, tão leal e tão bom, tão simples nas maneiras e nos sentimentos, tão sobrio e tão modesto, que era impossivel vel-o habitualmente sem sentir sympathia por elle. Por isso mister Watkins, — talvez mesmo sem dar por tal, — sentia pelo joven engenheiro mais respeito do que nunca a pessoa alguma concedêra. «Se aquelle rapaz bebesse a valer? Mas que se havia de fazer de um homem que não atira a menor gota de gin para a garganta?» Era assim que regularmente terminavam os juizos que o fazendeiro fazia do seu inquilino.

Emquanto a miss Watkins, essa tinha immediatamente estabelecido com o joven sabio uma boa e franca camaradagem. Achando n'elle distincção de maneiras e superioridade intellectual que não encontrára nas pessoas que habitualmente a rodeavam, tinha-se aproveitado com solicitude da occasião inesperada que se lhe offerecia de completar por meio de noções de chimica experimental a instrucção muito solida e variada que já tinha adquirido pela leitura das obras de sciencia.

Interessava-a muito o laboratorio do joven engenheiro com