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A ESTRELLA DO SUL

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— Para a minha terra... para França, respondeu Cypriano. Os meus trabalhos aqui estão acabados!... Está a terminar a minha missão... Não tenho nada mais a fazer no Griqualand e sou obrigado a voltar a Paris !

E fallando assim, com voz entrecortada, tinha a expressão de um criminoso que se desculpa.

— Ah!... Sim!... É verdade!.. Assim devia ser !... balbuciou Alice sem saber muito bem o que dizia.

A joven estava aniquilada pelo espanto. Aquella noticia surprehendia-o em plena felicidade inconsciente, como se tivesse recebido uma pancada de massa. Subito formaram-se-lhe nos olhos grossas lagrimas, que vieram pendurar-se nas longas pestanas que os ensombravam. E como se esta explosão de mágua a trouxesse de novo á realidade, achou alguma força para sorrir :

— Partir? continuou ella. E então a sua discipula dedicada ? Quer deixal-a assim sem ter acabado o curso de chimica?... Quer que fique no oxygenio e que os mysterios do azote sejam para sempre letra morta para mim?... Isso não é bonito !

Tentava mostrar boa cara e brincar, mas o tom da voz desmentia-lhe as palavras. Sob aquelle gracejo escondia-se profunda censura, que foi direito ao coração do joven. Dizia-lhe em linguagem vulgar :

«E então eu ?... Não valerei alguma cousa ?... Assim me torna a sepultar no nada? Veiu o senhor mostrar-se aqui, no meio d'estes boers e d'estes mineiros avidos, como um ser superior e privilegiado, sabio, altivo, desinteressado, verdadeiramente superior!... Associou-me aos seus estudos e trabalhos !... Abriu-me o seu coração e fez-me compartilhar as suas altas ambições, as preferencias litterarias, os gostos artisticos!... Mostrou-me a distancia que vae de um pensador como