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A ESTRELLA DO SUL

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ven engenheiro se não atrevia a resolver, mas que Matakit bem depressa se encarregou de decidir.

Com effeito, o joven cafre, apenas se viu conhecendo os primeiros elementos da lingua franceza, mostrou uma avidez extraordinaria para aprender. Fazia perguntas constantemente, queria saber tudo, os nomes dos objectos, o uso d'elles, a sua origem. Depois apaixonou-se pela leitura, pela escripta, quiz aprender a contar. Realmente era insaciavel!

Cypriano bem depressa se decidiu. Á vista de tão evidente vocação não havia que hesitar. Resolveu-se, pois, a dar todas as noites uma lição de uma hora a Matakit, que, depois do trabalho da mina, dedicava á instrucção todo o tempo de que podia dispor.

Miss Watkins, commovida tambem por este ardor pouco vulgar, emprehendeu fazer-se repetidora para as lições do joven cafre. Alem d'isso elle dizia-as em voz alta durante todo o dia, já quando dava grandes enxadadas no fundo do claim, já quando içava os baldes ou escolhia as pedras.

E a sua actividade no trabalho era tão communicativa que se propagava por todo o pessoal como um contágio, e a exploração da mina parecia fazer-se com mais cuidado.

Alem d'isto Cypriano tinha contratado um outro cafre da tribu de Matakit, recommendado por elle, o qual se chamava Bardik, e cujo zèlo e intelligencia merecia tambem muito apreço.

Foi então que o joven engenheiro teve uma sorte que ainda lhe não acontecèra; achou uma pedra de perto de sete karats, que vendeu immediatamente ao corretor Nathan.

Era na verdade uma boa pechincha. Qualquer mineiro, que só procurasse renumeração normal do seu trabalho, com certeza se mostraria muito satisfeito. Sim! era verdade; mas Cypriano não o estava.