rio !... Aposto que temos alguma partida do Pantalacci?
O china abaixou a cabeça.
— Queria cortar-me o rabicho, disse elle diminuindo o tom da voz, e tenho a certeza que o fazia d'aqui a um ou dois dias !
No mesmo instante Li viu o famoso rabicho na mão de Cypriano e verificou que estava consummada a desgraça que elle receiava mais que tudo.
— Oh! senhor!... O quê!... Pois o senhor... cortou-m'o!... exclamou elle com voz dilacerante.
— Assim foi preciso para o despendurar, meu amigo! respondeu Cypriano. Mas, que diabo! esteja descansado que nem por isso fica a valer menos n'esta terra!...
O china parecia tão afflicto com aquella amputação, que Cypriano, receioso de que elle procurasse novo processo de suicidio, resolveu-se a voltar á sua cabana levando-o comsigo.
Li seguiu-o com docilidade, sentou-se á mesa junto do seu salvador, ouviu as reprehensões, prometteu que não renovava as suas tentativas, e, sob a influencia de uma chavena de chá a ferver, deu mesmo algumas informações vagas a respeito da sua biographia.
Li, que nascêra em Cantão, tinha sido educado para o commercio em uma casa ingleza. Depois passára a Ceylão, d'ahi á Australia e finalmente á Africa. Em nenhuma parte lhe tinha sorrido a fortuna. O officio de lavadeiro no districto mineiro não lhe rendia mais do que outros vinte officios que tinha experimentado. Mas a sua alma damnada era Annibal Pantalacci. Este homem tornava-lhe a existencia insupportavel; se não fosse elle talvez se tivesse resignado com aquella vida precaria no Griqualand! N'uma palavra, queria dar cabo do canastro para escapar ás perseguições de Pantalacci.
Cypriano animou o pobre rapaz, prometteu-lhe que o havia