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A Guerra de Canudos
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que atiravam, ferindo ou matando quem estivesse proximo. Por isso, a carne ia para as linhas já assada, transportada ao escurecer. Durante o dia era excessiva temeridade o aventurar-se alguem no atravessar o espaço comprehendido entre o Quartel-General e avançadas. O imprudente que o não fizesse quasi de rastros e descrevendo zig-zags não tardava a ser tenazmente perseguido, até ser baleado. Alguns, ao serem descobertos e alvejados atiravam-se ao chão, simulando terem morrido, o que desviava a attenção dos perseguidores para outra direcção; então, aproveitavam-se dessa circumstancia para escaparem-se rapidamente.

O serviço de aguada era tambem feito á noite: á essa hora grande fila de soldados, em silencio, carregando potes, latas e cantis, ia com toda a cautella enchelos nas cacimbas abertas no leito do rio, proximo ao hospital de sangue e da passagem que vae á Favella. Voltavam com o mesmo cuidado e a agua trazida servia para toda a noite e o dia immediato. E do mesmo modo eram transportados os feridos durante o dia nas trincheiras. Diariamente 14, 16 e 20 delles deixavam as linhas, onde apezar do cuidado dos officiaes em abrigarem os soldados, os fanaticos das torres e da Fazenda-Velha os descortinavam perfeitamente, alvejando-os com segurança.