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A Guerra de Canudos
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Morreu n'aquelle posto e o cadáver lá conservou-se durante mezes. Quando tomaram a egreja em 1° de Outubro, estava elle no andaime, dependurado e secco, a carabina ao lado.

Nos hospitaes, apezar de toda dedicação dos médicos e pharmaceuticos, occorriam lastimosas scenas. Perto de 2.000 feridos gemiam, prezas de horriveis ferimentos. Os que tinham alta voltavam ás linhas de fogo; muitos, porém, eram novamente baleados e volviam ao hospital; ahi, as balas assassinas dos jagunços iam buscar mais victimas e d'aquelle ponto conduziam quotidianamente cadaveres para a sepultura. Quantos desventurados, que com toda abnegação e desprendimento deixaram os lares para irem em defesa da Lei, n'aquelle sáfaro sertão cerraram os olhos e lá ficaram eternamente, enriquecendo o solo esteril, onde só espinhos e cardos difficilmente vicejam!

Entretanto, tornava-se necessario esvasiarem-se os hospitaes, remettendo o excesso dos feridos para Monte Santo. Grande numero de officiaes, alguns de patente elevada, estavam baleados, e em Canudos o que não succumbisse em virtude dos bacamartes, das temiveis balas esphericas, estacava diante da falta de recursos materiaes, cada vez mais exiguos.

Havia grande custo em se estabelecer o