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A Guerra de Canudos
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O cemiterio, na retaguarda da igreja velha, com 600 óovas, desde 18 de Julho estava em nosso poder. Dois outros estabelecidos, um á margem esquerda do rio, com 1600 sepulturas, cada uma com tres e mais corpos mal enterrados, com as mãos e pés para o ar; o outro, 200 metros distante, no fim das edificações, em direcção a estrada de Uauã, estavam replectos. Os vivos, nos breves momentos de que dispunham para descanço, dormiam ao lado dos mortos, não extranhando mais aquella horripillante promiscuidade, dado o habito de longos mezes.

Os jagunços em consequencia do cerco, começaram a experimentar certas necessidades. A carne acabara, assim como a farinha e a rapadura, sua principal alimentação. Os bódes, leitões e gallinhas existentes, foram reservados aos que brigavam, isto é, áquelles que melhor armados e municiados, mantinham-se dia e noite no tiroteio, tendo as mãos queimadas, os dedos tortos e com enormes callos, de tanto atirarem.

As mulheres e as creanças e invalidos, que se sustentassem como pudessem, apezar de famintos; mesmo assim, uivavam de colera, animando os maridos, irmãos e amigos, limpando as armas e preparando-lhes a parca refeição.