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A Guerra de Canudos
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transpor a barranca do rio. Ahi, ao alvorecer do dia, quedavam-se dezenas de cadaveres, até de creancinhas, com os pótes e as latas quebradas, perfuradas pelas balas. Corpos extremamente magros, physionomias pallidas e tristonhas, immundos todos, com miseraveis frangalhos, mal disfarçando-lhes a nudez das carnes lividas. Não havia mais piedade, porque salvação de qualquer dos contendores dependia do prompto e completo exterminio do outro.

Os prisioneiros cresceram em numero nos acampamentos. Eram tratados com generosidade e toda humanidade, sendo os feridos soccorridos. Todos elles mostravam nos corpos cicatrises. Todos haviam sido baleados e as feridas fechavam-se por si mesmas, aos que sobreviviam. Ainda não havia um só d'aquelles infelizes perrsuadido de que o Conselheiro seria proximamente preso, ou morto.

Estavam, sim, persuadidos da sua immortalidade e Santidade e affirmavam que elle subira no Céo, dias antes. O facto é que n'esse tempo ninguem mais tinha noticias exactas sobre o celebre energumeno, á cujo respeito corriam as mais desencontradas versões. Era corrente, mas vagamente, o boato da sua mórte, entretanto ainda não corroborado por nenhum dos jagunços prisioneiros.