Página:A Luneta Magica, Tomo I (1869).pdf/41

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O Reis fez um movimento denunciador da sua incredulidade.

O armênio encarou-o fixamente, e depois perguntou-lhe:

— Duvida sempre?

— Não duvido, tenho a certeza de que a sua magia não é impostura somente porque é lamentável mania.

O armênio desatou a rir; devia ser um rir medonho, porque foi longa e estridente gargalhada, e porque, segundo me disse o velho, ele não tinha um único dente.

— De que ri assim?... inquiriu o Reis.

— Do triunfo e do mal: duvidam do meu poder, e vou prová-lo: eis o triunfo; infiltrarei o ceticismo na alma de um inocente mancebo; eis o mal.

Tive um ímpeto de coragem, avancei um passo e perguntei-lhe:

— Dar-me-ás a vista?...

— Sim, e mais penetrante do que a desejas.

— Como?

— A experiência te responderá.

— E tu por que não?...