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NARIZINHO ARREBITADO
 
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Narizinho, encantada, batia palmas a cada novidade e ria-se muito das graças e micagens que o bôbo da côrte fazia. Este bôbo era o caruncho Carlito Pirolito, um corcudinha pegado dentro dum caroço de milho e criado pelo principe para divertir a côrte. Durante o jantar sentou-se ao lado de Narizinho e não parou de fazer diabruras e molecagens o tempo todo. E assim correu a alegre refeição, deixando no espirito da menina recordações inesqueciveis.

Logo que saiu da mesa recolheu-se Narizinho ao quarto afim de preparar-se para o baile da noite. Para servil-a encontrou lá Dona Aranha, a melhor costureira do reino, e tambem varias mucamas formigas. Dona Aranha adeantou-se e disse respeitosamente:

— Quer a menina examinar nossa collecção de vestidos de baile?

— Com muito gosto, respondeu Narizinho, encantada.

As formigas, incontinenti, abriram os guarda-roupas, delles retirando uma porção de vestidos luxuosos, cada qual mais lindo. Um era feito de céo azul todo enfeitado de estrellinhas. Outro, de petalas de rosa com entremeio de myosotis. O que mais encantou Narizinho, porem, foi um vestido de cauda, feito de teia de aranha e enfeitado com diamantezinhos de orvalho.