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NARIZINHO ARREBITADO
 
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gosto e mirando-se, ao espelho, duvidava dos proprios olhos:

— Serei eu mesma uma fada das Mil e Uma Noites?

Quando julgou que já estivesse prompta veiu a Aranha com varios cofres cheios de diademas, collares, anneis e braceletes capazes de dar inveja ás mais opulentas princezas do mundo.

Narizinho escolheu as mais lindas e assim recamada de ouro e brilhantes ficou a scintillar como um sol.

— Está "quasi" prompta, disse a Aranha.

— Quasi? disse Narizinho, sorrindo. Pois falta ainda alguma cousa?

A aranha respondeu mandando vir escrinios com pó das asas das mais raras borboletas e polvilhou-a inteira de azul furta-côr. Que maravilha! O proprio espelho chegou a abrir a bocca, espantado de tanta formosura.

Subitamente a porta abriu-se e appareceu o principe.

— Senhora, disse elle, a côrte reunida no grande salão aguarda anciosa a rainha da festa. Vinde!

E, dando-lhe a mão, conduziu-a com grande cerimonia ao baile.

Mal Narizinho entrou, pela sala real correu um murmurio de admiração, muito explicavel, visto como jamais apparecera em Aguas Claras creatura assim tão deslumbrante. E começaram a cochichar que com certeza era a propria Fada dos Rios que se encarnára na menina. Algumas damas chegaram