Página:A Morte da Águia (1910).pdf/25

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Ha rochas ajoelhadas,
Religiosamente concentradas
Á beira das encostas;
Rochedos ojivais
Imploram de mãos postas;
Punjentissimos ais,
Dilacerados gritos
Sam os agudos coruchéus;
E os abismos voltados para os Céus
Estam erguendo a alma aos infinitos.
Os áridos granitos,
Rudes fragas, plutónicas, curvadas
No seu fervôr de humildes consciencias,
Com seus cilícios d'urzes requeimadas,
Estam cumprindo duras penitencias.

Sonhos de Deus, esboços do Sublime,
Formas da primitiva creação!
Continuamente vos oprime
A dôr da imperfeição!

Montanha! é tam profunda a tua dôr,
Tam grande o teu impulso redentôr,
O anseio de beleza em que te abrazas,