Página:A Morte da Águia (1910).pdf/26

Wikisource, a biblioteca livre


Que cada pesadíssimo rochedo,
Inabalavel, taciturno e quedo
Tenta bater as asas!

E tudo se debate e tumultua
Com um tremendo esfôrço sobreumano
Nessa petrificada Babilónia:
És a carne sangrenta, rocha núa,
O teu sossego — um revolver insano,
O teu silencio — uma contínua insónia.

Resto do Caos primitivo,
Encapelado Oceano
De tudo o que ha trajicamente vivo!
Ali — talvez a forja de Vulcano
Onde é batido o raio fulgurante;
Ali — talvez o pórtico do Inferno,
Onde o génio de Dante
Foi esculpir o desengano eterno.

Ali se desagregam duras fráguas,
Roídas pelas águas
De persistente força corrosiva;
Mas neves, águas, rochas das alturas