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REVISTA TRIMENSAL
XI

Ferreira fallecou ás 9 horas da noute de 29 de Abril de 1859, victima de asphixia lenta devida á aneurisma da aórta pectoral, na idade de 59 annos.

Teve a morte do justo. Talis vita finis ita.

Quando a medecina declarou-se impotente para salvar-lhe a vida [1], tractou de salvar a alma.

Depois de receber todos os sacramentos da Santa Madre Igreja Catholica Apostolica Romana, conheceo que approxirnava-se-lhe o momento fatal: pedio uma vela accesa e que com elle repetissem o nome de Jesus.

Tinha dado a alma ao Creador!

Desde que tornou-se publica a noticia de sua agonia, o pateo da casa ficou intransitavel de povo até o outro dia á tarde, quando sahio o enterro.

São indescriptiveis as manifestaçces de pezar que durante o trajecto lhe eram prodigalisadas.

Era uma verdadeira procissão, extraordinariamente e concorrida por todas as classes, sem distinção de politica de posição social, de idade nem de côres.

O feretro foi conduzido a principio pelos vereadores da Camara, depois pelos officiaes superiores da Guarda Nacional até á matriz; desta ao cemiterio pelo presidente da Província, chefe de policia[2] e pessoas gradas.

O corpo teve sepultura perpetura no antigo cemiterio de S. Casimiro, conhecido pelo do Croatà, na conformidade da lei provincial n.º 874 de 16 de Setembro de 1855, que lhe concedeo esse previlegio.


  1. Pedro II citado n.º 1909 de 30 de Abril de 1859. Foram seos medicos assistentes Drs. Manoel Mendes da Cruz Guimarães, José Joaquim Gonçalves de Carvalho e Joaquim Antonio Alves Ribeiro, que na vespera conferenciaram com o conselheiro Francisco Freire Allemão e Dr. Manoel Ferreira Lagos, Presidente e membro da Commissão Scientifica; e seo confessor o Vigario João Felippe Ribeiro.
  2. Presidente Dr. João Silveira de Souza, chefe de policia Dr. Abilio José Tavares da Silva.