Página:A alma encantadora das ruas (1910).pdf/169

Wikisource, a biblioteca livre

dia, essas cantigas que só aparecem no Carnaval:

<poem>
Há duas coisa
Que me faz chorá
É nó nas tripa
E bataião navá!

De repente, numa esquina, surgira o pavoroso abre-alas, enquanto, acompanhado de urros, de pandeiros, de xequerês, um outro cordão surgia.

Sou eu! Sou eu!
Sou eu que cheguei aqui
Sou eu Mina de Ouro
Trazendo nosso Bogari.

Era intimativo, definitivo. Havia porém outro. E esse cantava adulçorado:

Meu beija-flor
Pediu para não contar
O meu segredo
A Iaiá.
Só conto particular.
Iaiá me deixe descansar
Rema, rema, meu amor
Eu sou o rei do pescador.

Na turba compacta o alarma correu. O cordão vinha assustador. A frente um grupo desenfreado de quatro ou cinco caboclos adolescentes com os sapatos desfeitos e grandes arcos pontudos corria abrindo as bocas em berros roucos. Depois um negralhão todo de penas, com a face lustrosa como piche, a gotejar suor, estendia o braço musculoso e nu sustentando o tacape de ferro. Em