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Era a hora, em que os cardos rumorejam,
Como um abrir de boccas inspiradas,
E os angicos as comas espanejam
Pelos dedos das auras perfumadas...
A hora, em que as gardenias, que se beijam,
São timidas, medrosas desposadas;
E a pedra... a flôr. as selvas... os condores
Gagueijam... fallam... cantam seus amores!


Hora neiga da tarde! Como és bella
Quando surges do azul da zona ardente !
Tu és do ceu a pallida donzella,
Que se banha nas thermas do oriente...,
Quando é gotta do banho cada estrella,
Que te rola da espadua refulgente...
E-prendendo-te a transa a meia lua
Te enrolas em neblinas semi-núa 1..


Eu amo-te, ó mimosa do infinito !
Tu me lembras o tempo, em que era infante.
Inda adora-te o peito do precito
No meio do martyrio excruciante;