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a campanha de canudos

Corria como certo, — que dos bois e cavallos, fornecidos á expedição, todos quantos iam ficando pelas estradas, por can­saço ou extravio, eram depois ajuntados, e revendidos aos prepostos do Governo, que des’arte comprava por bom mer­cado aquillo que já era seu.

Si a muito custo se poude, afinal, organizar um serviço de comboios entre Monte Sancto e Canudos, incumbindo-se de dirigil-o a um oíficial do batalhão 17° — o capitão Castro Silva, nenhum resultado comtudo esta medida produziu. Sempre com bom exito, os jagunços atacavam todos os comboios que passa­vam para o acampamento, posto que delles unicamente tomassem as armas e as munições de guerra. Quanto ao mais, aban­donavam na estrada, com repugnância e desdem.

Do que fica ahi narrado é natural concluir — que o Go­verno precisava providenciar energicamente para apressar o desenlace de uma luta que, no começo, parecera sem conse­quencias, mas andava já preoccupando seriamente os espíritos, e prendendo as attenções em todo o paiz.

Referindo-se a essa delicada situação, disse o general João Thomaz Cantuaria:

« Collocadas nossas forças em condições desvantajosas, co­meçaram a surgir as maiores difliculdades ; e estas assumiram taes proporções, alarmando o espirito publico, que — para removel-as — entendeu o Governo fazer soguir para o theatro da acção o illustre ministro da guerra, o nunca assàs pranteado marechal Carlos Machado de Bittencourt, que partiu desta ca­pital ( Rio de Janeiro) a 3 de agosto do anno findo.»[1]

« Estabelecendo seu quartel general em Monte Sancto, con­tinua o citado militar, o inolvidavel marechal, com a actividade e energia proprias do seu austero caracter, promoveu todos os recursos necessarios a accelerar as operações de guerra; e tão acertadamente procedeu, tão efficaz foi o seu concurso que, pouco depois de sua chegada, fechava-se o sitio.»[2]

  1. Relatorio da ministro da guerra, em 1898, pag. 7.
  2. Idem idem.