sua casa commercial, o transferiu-se em 1859 para Sobral, onde serviu de caixeiro e, depois, de escrivão de paz. Dahi, se passando para Ipú, sua mulher foi raptada pelo sargento João de Mello, commandante do destacamento de linha, o qual entretanto deixou-a morrer esmolando em Sobral.
Antonio Maciel, não querendo ser testemunha de sua própria vergonha, se retirou com destino á cidade do Crato. Mas, passando pelo logar denomiuado Paus Brancos, demorou-se em casa de seu cunhado, Lourenço Corrêa Lima, a quem — durante um accesso de loucura — levemente feriu. Do Crato partiu para a província, hoje Estado, da Bahia, onde entrou pela primeira vez em 1894.
Fizera toda a viagem por terra.
A pouco e pouco, foi o Conselheiro executando o plano que tinha traçado, e, graças á sua habilidade e boa fortuna, chegara a captar sympathias e admiração quasi geraes, em uma larga faxa da zona sertaneja. E’ que elle observava um regimen sobrio, senão fortificante, o que sempre maravilha, por ser excepção. Só comia cereaes, repousava não raro sobre o chão, não recebia de esmola senão a quantia de que restrictamente precisasse.
Padres houve, que lhe cederam o púlpito de suas egrejas, para que dahi doctrinasse elle as multidões ignaras ; facto aliás condemnado por uma pastoral do arcebispo metropolitano. E, de 1864 até 1876, Antonio Conselheiro assim viveu.
Nesse ultimo anno, porém, o delegado do termo de Itapicurú requisitou do chefe de policia da província a força necessária para conter Antonio Conselheiro e seus sequazes, que estavam commettendo excessos de toda natureza, tendo mesmo alguns dentre elles insultado a primeira autoridade da comarca.
Satisfeita a requisição alludida, foi effectuada a diligencia, conforme se verà do officio, que passo a copiar :
« Delegacia da villa de Itapicurú, 28 de junho de 1876 — Illm. Sr. — Ao Sr. alferes Diogo Antonio Bahia, comrnandante da força que v. s. remetteu a esta villa por minha requisição,