licia da Bahia ao seu collega do Ceará, como consta do officio a seguir :
« Secretaria da policia da província de Bahia, em 5 de julho de 1876 — 2ª secção — N. 2.182 — Ao dr. chefe de policia do Ceará.
Faço apresentar a v . s. o individuo, que se diz chamar Antonio Vicente Mendes Maciel, conhecido por Antonio Conselheiro, que suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.
Esse individuo appareceu ultimamente no logar denominado Missão da Saúde, em Itapicurú, e ahi, entre gente ignorante, disse-se enviado de Christo, e começou a prégar, levando a superstição de tal gente ao ponto de um fanatismo perigoso.
Em suas predicas plantara o desrespeito ao vigário daquella freguezia e, cercado de uma multidão de adeptos, come çara a desassocegar a tranquillidade da população.
Em virtude de reclamação, que recebi do exm. sr. vigário capitular, contra o abusivo procedimento desse individuo, que ia, além de tudo, embolsando os dinheiros com que, crédulos, iam lhe enchendo as algibeiras os seus fieis, mandei-o buscar á capital, onde obstinadamente não quiz responder ao interrogatório que lhe foi feito, como verá v. s. do auto junto. Era uma medida do ordem publica de que não devia eu prescindir.
Entretanto, si por ventura não for elle ahi criminoso, peço em todo o caso a v. s. que não perca de sobre elle as suas vistas, para que não volte a esta província, ao logar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradaveis, pela exaltação em que ficaram os espiritos dos fanaticos com a prisão do seu idolo. — J. B. de Magalhães. »
O chefe de policia do Ceará, decorridos que foram alguns mezes, gastos em pesquisas, respondeu — «que não podera conservar preso o Conselheiro, por não se achar este ali processado, nem ter commettido crime algum ».
Mas, antes de ser conhecido esse facto, a imaginação popular se expandiu, compondo os mais curiosos e sensacionaes romances.