só o daqui a tem tolerado, e agora é tardio o arrependimento, porque sua palavra não será ouvida. Ha pouco, mandando chamal-o para pôr termo a este estado de cousas, a resposta que lhe mandou Antonio Conselheiro, foi — que não tinha nego com elle; e não veio. Consta que os vigários das freguezias têm lido a pastoral do exm. sr. arcebispo, prohibindo os sermões e mais actos religiosos de Antonio Conselheiro, e exhortando o povo para o verdadeiro caminho da religião : nesta ainda não foi lida, sem duvida pelo receio que tem o vigário de se revoltarem contra elle os fanatizados.
0 cidadão Miguel de Aguiar Mattos, como outros, tem vindo pedir providencias, as quaes tenho deixado de dar por não contar com força sufficiente para emprehender esta diligencia, que, si for mallograda, peiores serão ainda os resultados.
Cumpre dizer que Antonio Conselheiro, que veste uma camisola de panno azul, com barbas e cabellos longos, é malcreado, caprichoso e soberbo.
Não convindo esta ameaça constante ao bem publico, e antes cumprindo prevenir attentados e desgraças, solicito de v. s. um destacamento de linha para dispersar o grupo de fanaticos. Renovo a v. s. os meus protestos da mais subida estima, consideração e respeito. Deus guarde a v . s. — Illm . sr. dr. Domingos Rodrigues Guimarães, m. d. chefe de policia desta provincia.— Luiz Gonzaga de Macedo.»
Embora nenhum facto positivo houvesse ainda denunciado, por parte do Conselheiro, intentos verdadeiramente criminosos, bem certo ô — que os fazendeiros e proprietários, residentes na zona por elle freqüentada, mostravam-se receiosos e alarmados. Nem era, certamente, para traquillisar a grande comitiva de Antonio Conselheiro, formada exclusivamente de pessoas fanatizadas, entre as quaes elle dominava como mestre infallivel, e senhor absoluto.
«Em peregrinações religiosas e attitude pacifica, em começo, esses grupos, crescendo dia a dia pelo contagio do fanatismo, entregavam-se por ultimo à pratica de crimes, perturbavam a ordem publica, impediam à mão armada a cobrança de impos-