algum dia soffressem as armas legues; pois assim elles cobrariam forças e estímulos, em proveito de seus interesses, e aspirações insensatas.
Muito embora Antonio Conselheiro estivesse agindo por conta propria, nada impedia, comtudo, que os restauradores tirassem partido das victorias, que os fanaticos de Canudos conseguissem por acaso obter; porquanto ellas desmoralizariam profundamente as autoridades constituídas, enfraqueceriam bastante a confiança posta no exercito, e diffundiriam por toda parte a descrença, o pasmo e o terror.
Impunha-se, por conseguinte, a urgência de fazer sentir aos jagunços a relevancia de seus deveres de cidadãos, punindo severamente a rebeldia, com que elles estavam se compromettendo e creando, ao mesmo tempo, dificuldades e perigos para toda a republica.
E — nota curiosa que convém perpetuar— o governador a quem dias depois accusavam com acrimonia, por não perseguir ferozmente o Conselheiro e desejar até mesmo o insuccesso da expedição, tinha sido o primeiro a telegraphar ao vice-presidente da republica, então em exercicio, accentuando — que era questão de honra proseguir na campanha, encetada contra os ousados sertanejos.
Melhor será, certamente, copiar as próprias palavras com que o conselheiro Luiz Vianna terminava o seu telegramma, expedido em 26 de janeiro ao ministro interino da guerra:
« Não ô possível, ponderava o governador, abandonar a perseguição aos fanaticos, tão prejudiciaes à ordem e á republica. Seria conveniente a remessa, com urgência, de um contingente bem commandado e municiado, afim de operar conjuntamente com o coronel Tamarindo.
A demora das operações tem prejudicado enormemente a diligencia.
Confio que v. ex ., tão interessado na manutenção da ordem quanto este Governo, ordenará auxilio prompto, communicandome as providencias que tomar, afim de que aqui chegando encontrem tudo disposto por parte deste Governo, e terem seguimento a seu destino. »