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a campanha de canudos

procedimento que devia ter, visto estar a força desani­mada, e não ser provável que novo assalto produzisse bom resultado. Todos os commandantes foram de opinião que, pela madrugada, se fizesse uma retirada em ordem, e de fórma a não abandonar-se um só ferido.

A’s 5 horas dà manhã fui chamado para verificar que o Cesar acabava de fallecer, o que muito me contristou.

Após havermos trabalhado toda a noite, removendo feridos para dentro do pretenso quadrado, bem como um enorme comboio de cargueiros com munições, pozemo-nos em marcha, debaixo da fuzilaria do inimigo.

Nesta occasião, verifiquei máis uma vez que a nossa reduzida força estava bem acobardada, pois as praças que conduziam os feridos, bem como as que formavam as faces do quadrado, só procuravam abaixar-se, até correr, sendo preciso que nós, os officiaes, desenvolvessemos grande somma de energia para continuar a marcha in­terrompida logo na sahida.

Depois de percorrermos uma extensão de cerca de 200 metros, o inimigo cahiu-nos pelos flancos e reta­guarda, pelo que a guarda avançada e outras muitas praças abandonavam seus postos, e corriam pela estrada, fugindo.

O Tamarindo mandou que eu atacasse a fuga, e eu acompanhado por uns tres officiaes, corri á frente, de revólver em punho ; mas eramos levados pela onda.

Afinal, foi um grande grupo dos fujões atacado pela retaguarda e flanco direito ; e por esta occasião ficámos abandonados, eu, o capitão Campos e o capitão Simões, do 9°: só ficando umas cinco praças, que travaram tiroteio durante muito tempo.

Ao mesmo tempo que isto se dava na frente, o ini­migo cortava a retaguarda em duas partes, sendo tão grande a desordem, e o desbrio, que a artilharia foi to­mada, mas não sem que seu capitão Salomão tudo envi­dasse como resistência.