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A cidade e as serras
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despenhou. O periquito descendente de Colygny batia as azas, ganindo: — «Que cheiro elle deita, que delicia!» Na copa atulhada os decotes das senhoras roçavam a farda dos lacaios. O velho caiado de pó d’arroz metteu o pé n’um balde de gelo, com um berro ferino. E o Historiador dos Duques d’Anjou movia por cima de todos o seu nariz bicudo e triste.

De repente, Todelle teve uma idéa!

— É muito simples... É pescar o peixe!

O Gran-Duque bateu na côxa uma palmada triumphal. Está claro! Pescar o peixe! E no gozo d’aquella facecia, tão rara e tão nova, toda a sua colera se sumíra, de novo se tornára o Principe amavel, de magnifica polidez, desejando que as senhoras se sentassem para assistir á pesca miraculosa! Elle mesmo seria o pescador! Nem se necessitava, para a divertida façanha, mais que uma bengala, uma guita e um gancho. Immediatamente Madame d’Oriol, excitada, offereceu um dos seus ganchos. Apinhados em volta d’ella, sentindo o seu perfume, o calor da sua pelle, todos exaltamos a amoravel dedicação. E o Psychologo proclamou que nunca se pescára com tão divino anzol!

Quando dois escudeiros estonteados voltaram, trazendo uma bengala e um cordel, já o Gran-Duque, radiante, vergára o gancho em