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A cidade e as serras

— Este Zé Fernandes de Noronha e Sande!...

E, no meu nome, no meu digno nome assim embrulhado n’um bocejo com desprendida ironia, se resumiu todo o interesse d’aquelle Principe pela suja tormenta em que se debatera o meu coração! Mas não me melindrou esse consummado egoismo... Claramente percebia eu que o meu Jacintho atravessava uma densa nevoa de tedio, tão densa, e elle tão afundado na sua molle densidade, que as glorias ou os tormentos d’um camarada não o commoviam, como muito remotas, intangiveis, separadas da sua sensibilidade por immensas camadas de algodão. Pobre Principe da Gran-Ventura, tombado para o sophá de inercia, com os pés no regaço do pedicuro! Em que lodoso fastio cahira, depois de renovar tão bravamente todo o recheio mechanico e erudito do 202, na sua lucta contra a Força e a Materia! — E esse fastio não o escondeu mais do seu velho Zé Fernandes quando recomeçou entre nós a communhão de vida e de alma a que eu tão torpemente me arrancára, uma tarde, deante da Estação dos Omnibus, no charco da Magdalena.

Não eram certamente confissões enunciadas. O elegante e reservado Jacintho não torcia