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A cidade e as serras

facil. Pobre Jacintho! Um jornal velho, setenta vezes relido desde a Chronica até aos Annuncios, com a tinta delida, as dobras roídas, não enfastiaria mais o Solitario, que só possuisse na sua Solidão esse alimento intellectual, do que o Parisianismo enfastiava o meu doce camarada! Se eu n’esse verão capciosamente o arrastava a um Café-Concerto, ou ao festivo Pavilhão d’Armenonville, o meu bom Jacintho, collado pesadamente á cadeira com um maravilhoso ramo de orchideas na casaca, as finas mãos abatidas sobre o castão da bengala, conservava toda a noite uma gravidade tão estafada, que eu, compadecido, me erguia, o libertava, gozando a sua pressa em abalar, a sua fuga d’ave solta... Raramente (e então com vehemente arranque como quem salta um fosso) descia a um dos seus Clubs, ao fundo dos Campos-Elyseos. Não se occupara mais das suas Sociedades e Companhias, nem dos Telephones de Constantinopla, nem das Religiões Esotericas, nem do Bazar Espiritualista, cujas cartas fechadas se amontoavam sobre a mesa d’ebano, d’onde o Grillo as varria tristemente como o lixo d’uma vida finda. Tambem lentamente se despegava de todas as suas convivencias. As paginas da Agenda côr de rosa murcha andavam desafogadas e brancas. E se ainda cedia a um passeio de Mail-coach,