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A cidade e as serras
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ou a um convite para algum Castello amigo dos arredores de Paris, era tão arrastadamente, com um esforço tão saturado ao enfiar o paletot leve, que me lembrava sempre um homem, depois d’um gordo jantar de provincia, a estalar, que, por pollidez ou em obediencia a um dogma, devesse ainda comer uma lamprêa de ovos!

Jazer, jazer em casa, na segurança das portas bem cerradas e bem defendidas contra toda a intrusão do mundo, seria uma doçura para o meu Principe se o seu proprio 202, com todo aquelle tremendo recheio de Civilisação, não lhe désse uma sensação dolorosa de abafamento, de atulhamento! Julho escaldava: e os brocados, as alcatifas, tantos moveis roliços e fôfos, todos os seus metaes e todos os seus livros, tão espessamente o opprimiam, que escancarava sem cessar as janellas para prolongar o espaço, a claridade, a frescura. Mas era então a poeira, suja e acre, rolada em bafos mornos, que o enfurecia:

— Oh, este pó da Cidade!

— Mas, oh Jacintho, por que não vamos para Fontainebleau, ou para Montmorency, ou...

— P’ra o campo? O que! P’ra o campo?!

E na sua face enrugada, através d’este berro, lampejava sempre tanta indignação, que