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A cidade e as serras

— É uma secca, Zé Fernandes...

— Com mil demonios! Eu nunca vi a Basilica...

— Bem, bem! Vamos á Basilica, homem fatal de Noronha e Sande!

E por fim logo que começamos a penetrar, para além de S. Vicente de Paula, em bairros estreitos e ingremes, d’uma quietação de provincia, com muros velhos fechando quintalejos rusticos, mulheres despenteadas cozendo á soleira das portas, carriolas desatreladas descançando diante das tascas, gallinhas soltas picando o lixo, cueiros molhados seccando em canas — o meu fastidioso camarada sorriu áquella liberdade e singeleza das cousas.

A vittoria parou em frente á larga rua de escadarias que trepa, cortando viellasinhas campestres, até á esplanada, onde, envolta em andaimes, se ergue a Basilica immensa. Em cada patamar barracas d’arraial devoto, forradas de panninho vermelho, transbordavam de Imagens, Bentinhos, Crucifixos, Corações de Jesus bordados a retroz, claros molhos de Rosarios. Pelos cantos, velhas agachadas resmungavam a Avè-Maria. Dois padres desciam, tomando risonhamente uma pitada. Um sino lento tilintava na doçura cinzenta da tarde. E Jacintho murmurou, com agrado:

— É curioso!.