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A cidade e as serras

202, com os seus arames, os seus apparelhos, a pompa da sua Mechanica, os seus trinta mil livros? Sumido, esvaído na confusão de telha e cinza! Para este esvaecimento pois da obra humana, mal ella se comtempla de cem metros de altura, arqueja o obreiro humano em tão angustioso esforço? Hein, Jacintho?... Onde estão os teus Armazens servidos por tres mil caixeiros? E os Bancos em que retine o ouro universal? E as Bibliothecas atulhadas com o saber dos seculos? Tudo se fundiu n’uma nodoa parda que suja a Terra. Aos olhos piscos de um Zé Fernandes, logo que elle suba, fumando o seu cigarro, a uma arredada collina — a sublime edificação dos Tempos não é mais que um silencioso monturo da espessura e da côr do pó final. O que será então aos olhos de Deus!

E ante estes clamores, lançados com affavel malicia para espicaçar o meu Principe, elle murmurou, pensativo:

— Sim, é talvez tudo uma illusão... E a Cidade a maior illusão!

Tão facilmente victorioso redobrei de facundia. Certamente, meu Principe, uma Illusão! E a mais amarga, por que o Homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só n’ella tem a fonte de toda a sua miseria. Vê, Jacintho! Na Cidade perdeu