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A cidade e as serras

da Redempção. Jesus, ou Guatama, ou Christna, ou outro d’esses filhos que Deus por vezes escolhe no seio d’uma Virgem, nos quietos vergeis da Asia, deverá novamente descer á terra de servidão. Virá elle, o desejado? Porventura já algum grave rei d’Oriente despertou, e olhou a estrella, e tomou a myrrha nas suas mãos reaes, e montou pensativamente sobre o seu dromedario? Já por esses arredores da dura Cidade, de noute, emquanto Caiphaz e Magdalena ceam lagosta no Paillard, andou um Anjo, attento, n’um vôo lento, escolhendo um curral? Já de longe, sem moço que os tanja, na gostosa pressa d’um divino encontro, vem trotando a vacca, trotando o burrinho?

— Tu sabes, Jacintho?

Não, Jacintho não sabia — e queria accender o charuto. Forneci um phosphoro ao meu Principe. Ainda rondamos no terraço, espalhando pelo ar outras idéas solidas que no ar se desfaziam. Depois penetravamos na Basilica — quando um Sachristão nedio, de barrete de velludo, cerrou fortemente a porta, e um Padre passou, enterrando na algibeira, com um cançado gesto final e como para sempre, o seu velho Breviario.

— Estou com uma sêde, Jacintho... Foi esta tremenda Philosophia!

Descemos a escadaria, armada em arraial