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A cidade e as serras

e rubicundo conviva do 202! Jacintho corría os dedos anciosos pela face: — «E os saccos, as pelles, os livros, quem os transportaria do salão de Irun para o salão de Salamanca?» Eu berrava, desesperado, que os carregadores de Medina eram os mais rapidos, os mais destros de toda a Europa! Elle murmurava: — «Pois sim, mas em Hespanha, de noite!...» A noite, longe da Cidade, sem telephone, sem luz electrica, sem postos de policia, parecia ao meu Principe povoada de surprezas e assaltos. Só acalmou depois de verificar no Observatorio Astronomico, sob a garantia do sabio professor Bertrand, que a noite da nossa jornada era de lua cheia!

Emfim, na sexta-feira, findou a tremenda organisação d’aquella viagem historica! O sabbado predestinado amanheceu com generoso sol, de affagadora doçura. E eu acabava de guardar na mala, embrulhadas em papel pardo, as photographias das creaturinhas suaves que, n’esses vinte e sete mezes de Paris, me tinham chamado «mon petit chou! mon rat cheri!» — quando Jacintho rompeu pelo quarto, com um soberbo ramo de orchideas na sobrecasaca, pallido e todo nervoso.

— Vamos ao Bosque, por despedida?

Fomos — á grande despedida! E que encanto! Até nas almofadas e molas da vittoria