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A cidade e as serras

— Zé Fernandes, tem piedade do enfermo e do triste!

Irun! Irun!...

N’essa Irun almoçamos com succulencia — por que sobre nós velava, como Deusa omnipresente, a Companhia do Norte. Depois «el jefe d’Aduana, el jefe d’Estacion», preciosamente nos installaram n’outro salão, novo, com setins côr d’azeitona, mas tão pequeno que uma rica porção dos nossos confortos em mantas, livros, saccos e impermeaveis, passou para o compartimento do Sleeping onde se repoltreavam o Grillo e o Anatole, ambos de bonets escocezes, e fumando gordos charutos. — Buen viaje! Gracias! Servidores! — E entramos silvando nos Pyreneos.

Sob a influencia da chuva embaciadora, d’aquellas serras sempre eguaes, que se desenrolavam, arripiadas, diluidas na nevoa, resvalei a uma somnolencia dôce; — e, quando descerrava as palpebras, encontrava Jacintho a um canto, esquecido do livro fechado nos joelhos, sobre que cruzára os magros dedos, considerando valles e montes com a melancolia de quem penetra nas terras do seu desterro! Um momento veio em que, arremessando o livro, enterrando mais o chapéo molle, se ergueu com tanta decisão, que receei detivesse o comboio para saltar á estrada,