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A cidade e as serras
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o caseiro, seu compadre, tinha uma boa egua e um jumento... E o prestante homem enfiou n’uma carreira para a Giesta — emquanto o meu Principe e eu cahiamos para cima d’um banco, arquejantes e succumbidos, como naufragos. O vasto Pimentinha, com as mãos nas algibeiras, não cessava de nos contemplar, de murmurar: — «É de arrelia». — O rio defronte descia, preguiçoso e como adormentado sob a calma já pesada de maio, abraçando, sem um sussurro, uma larga ilhota de pedra que rebrilhava. Para além a serra crescia em corcovas doces, com uma funda prega onde se aninhava, bem junta e esquecida do mundo, uma villasinha clara. O espaço immenso repousava n’um immenso silencio. N’aquellas solidões de monte e penedia os pardaes, revoando no telhado, pareciam aves consideraveis. E a massa rotunda e rubicunda do Pimentinha dominava, atulhava a região.

— Está tudo arranjado, meu senhor! Vêm ahi os bichos!... Só o que não calhou foi um selimsinho para a jumenta!

Era o carregador, digno homem, que voltava da Giesta, sacudindo na mão duas esporas desirmanadas e ferrugentas. E não tardaram a apparecer no corrego, para nos levarem a Tormes, uma egua ruça, um jumento com albarda, um rapaz e um podengo. Apertamos