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A cidade e as serras
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desenrolára essa «grandeza» que impressionava o Severo. As cadeiras de verga da Madeira, amplas e de braços, offereciam o conforto de almofadinhas de chita. Sobre a mesa enorme de pau branco, carpinteirada em Tormes, admirei um candieiro de metal de tres bicos, um tinteiro de frade armado de pennas de pato, um vaso de capella transbordando de cravos. Entre duas janellas uma commoda antiga, embutida, com ferragens lavradas, recebera sobre o seu marmore rosado o devoto peso d’um Presepio, onde Reis Magos, pastores de surrões vistosos, cordeiros d’esguedelhada lã, se apressavam atravez d’alcantis para o Menino, que na sua lapinha lhes abria os braços, coroado por uma enorme Corôa Real. Uma estante de madeira enchia outro pedaço de parede, entre dois retratos negros com caixilhos negros; sobre uma das suas prateleiras repousavam duas espingardas; nas outras esperavam, espalhados, como os primeiros Doutores nas bancadas d’um concilio, alguns nobres livros, um Plutarcho, um Virgilio, a Odyssea, o Manual de Epictecto, as Chronicas de Froissart. Depois, em fila decorosa, cadeiras de palhinha, muito novas, muito envernisadas. E a um canto um mólho de varapaus.

Tudo resplandecia de asseio e ordem. As