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A cidade e as serras

Ribeirinha, sempre escasso d’agoas, agora mais resequido por verão de tanta seccura, o meu Principe parou a considerar os tres carneiros do caseiro, que retouçavam com penuria uma relvagem pobre.

E, de repente, como magoado:

— Justamente! Aqui está o espaço para um bello prado, um immenso prado, muito verde, muito farto, com rebanhos de carneiros brancos, gordissimos como bolas de algodão pousadas na relva!... Era lindo, hein? É facil, não é verdade, Zé Fernandes?

— Sim... Trazes a agoa para o prado. Agoas não faltam, na serra.

E o meu principe encadeando logo n’esta inspirada idea outra, mais rica e vasta, lembrou quanta belleza daria a Tormes encher esses prados, esses verdes ferregiaes, de manadas de vaccas, formosas vaccas inglezas, bem nedias e bem luzidias. Hein? Uma belleza. Para abrigar esses gados ricos, construiria curraes perfeitos, d’uma architectura leve e util, toda em ferro e vidro, fundamente varridos pelo ar, largamente lavados pela agoa... Hein? Que formosura! Depois, com todas essas vaccas, e o leite jorrando, nada mais facil e mais divertido, e até mais moral, que a installação d’uma queijeira, á fresca moda Hollandeza, toda branca e reluzente, de azulejos