Página:A cidade e as serras (1901).pdf/298

Wikisource, a biblioteca livre
284
A cidade e as serras

meu senhor! Mas ha de V. Ex.a vêr no inverno, se V. Ex.a se aguentar por cá! Então é cada temporal, que até parece que os montes estremecem!

E contou como fôra tambem apanhado, quando ia para a Corujeira. Felizmente, logo pela manhã, quando sentiu o ar carrancudo e as folhinhas dos choupos a tremer, se acautelára com o chapeu de chuva e calçára as suas grandes botas.

— Ainda estive para me abrigar em casa do Esgueira, que é um caseiro de cá. Aquella casa, ali abaixo, onde está a figueira... Mas a mulher tem estado doente, já ha dias... E como póde ser obra que se pegue, bexigas ou coisa que o valha, pensei comigo: Nada, o seguro morreu de velho! Metti para o alpendre... E não passára um credo quando lobriguei a V. Ex.a... Coisa assim!... E o Snr. D. Jacintho é voltar para casa, e mudar-se, que temos um dia e uma noite d’agoa.

Mas, justamente, a chuva começára a cahir perpendicular, d’um ceu ainda negro, onde o vento se calára; e para além do rio e dos montes havia uma claridade, como entre cortinas de pano cinzento que se descerram.

Jacintho repousava. Eu não cessára de me sacudir, de bater os pés encharcados, que me arrefeciam. E o bom Silverio, passando