Página:A cidade e as serras (1901).pdf/327

Wikisource, a biblioteca livre
A cidade e as serras
313

com uma saphira, uma cigarreira de aro fosco, adornada de um florido ramo de macieira em delicado esmalte, e uma faca para livros de velho lavor Chinez. Eu protestava contra a prodigalidade.

— É tudo das malas de Paris... Mandei-as abrir hontem á noite. E tomei a liberdade de trazer esta lembrança á tua tia Vicencia. Não vale nada... É só por ter pertencido á princeza de Lamballe.

Era uma caldeirinha d’agoa benta, em prata lavrada, d’um gosto florido e quasi galante.

— A tia Vicencia não sabe quem é a princeza de Lamballe, mas ficará encantada! E é uma garantia, por que ella suspeita da tua religião, como homem de Paris, da terra das impiedades... E agora, lavar, escovar, e ao almoço!

A tia Vicencia pareceu toda surprehendida, e logo encantada com o meu camarada, que ella suppuzera realmente um Principe, arrogante, escarpado e difficil. Quando elle lhe offereceu a caldeirinha, com um delicado pedido «para se lembrar d’elle nas suas orações», duas largas rosas, mais roseas e frescas que as rosas que enchiam a mesa, cobriram as faces redondas da boa senhora, que nunca recebera tão piedoso presente, com tão linda palavra. Mas o que sobretudo a captivou