Página:A cidade e as serras (1901).pdf/362

Wikisource, a biblioteca livre
348
A cidade e as serras

d’uma outra sala, que tinha as janellas da varanda abertas, cada uma com a gaiola d’um canario.

— É curioso! — exclamou Jacintho. Parece o meu Presepio... E as minhas cadeiras.

E com effeito. Sobre uma commoda antiga, com bronzes antigos, pousava um presepio semelhante ao da livraria de Jacintho. E as cadeiras de couro lavrado tinham, como as que elle descobrira no sotão, umas armas sob um chapéo de Cardeal.

— Oh senhores! exclamei. Não haverá um creado?

Bati as mãos, fortemente. E o mesmo doce silencio permaneceu, muito largo, todo luminoso e arejado pelo macio ar da quinta, apenas cortado pelo saltitar dos canarios nos poleiros das gaiolas.

— É o Palacio da Bella adormecida no bosque! murmurou Jacintho, quasi indignado. Dá um berro!

— Não, caramba! Vou lá dentro!

Mas, á porta, que de repente se abrio, appareceu minha prima Joanninha, córada do passeio e do vivo ar, com um vestido claro um pouco aberto no pescoço, que fundia mais docemente, n’uma larga claridade, o explendor branco da sua pelle, e o louro ondeado dos seus bellos cabellos, — lindamente risonha, na